21 junho 2011

No jardim das bestas

Um livro muito interessante que acaba de sair é In the Garden of Beasts: Love, Terror, and an American Family in Hitler's Berlin, do Erik Larson.

É sobre William Dodd, um professor da Universidade de Chicago que em 1933 se viu, um pouco por acaso, na posição de embaixador dos EUA em Berlim. Um especialista em história do sul dos Estados Unidos e democrata amigo de Roosvelt, ele recebeu com alegria a indicação imaginando que teria algum tempo livre para escrever seu livro definitivo sobre o velho sul, intitulado justamente The Old South.

Mas Berlim entre 1933 e 1934 não era exatamente um retiro tranquilo para um embaixador. Dodd não só presenciou a Noite dos Punhais Longos, um espetáculo de violência e horror, como de certa forma protagonizou o episódio, ao lado dos embaixadores da França e da Inglaterra.

Faz parte da função de embaixador se relacionar com autoridades do governo; essa, na verdade, é sua essência. Mas o que fazer quando se percebe que o país mais desenvolvido da Europa foi tomado de assalto por um bando de frios e cruéis assassinos? Esse foi o dilema vivido pelo embaixador Dodd na de outra forma fabulosa Berlim dos anos 30.

Um democrata jeffersoniano convicto, que a partir de 1933, e principalmente depois de 1934, se vê na situação de ter de se relacionar com gente como Hitler, Himler e Goring, Dodd é o fio condutor de uma trama que se passa no centro de Berlim, perto do parque principal da cidade (daí o título 'No jardim das bestas').

O brilho da Berlim dos anos 30, e as nuvens cada vez mais cinzentas que sopraram sobre a cidade, e depois o país, o continente até engolfar o mundo todo, é o cenário desta trama macabra, que é ainda mais inacreditável por ter sido real.