29 junho 2006

A França não é um país sério

França e Brasil têm mais coisas em comum do que supõem os enciclopedistas

Entrou para a história como sendo do general Charles de Gaulle a célebre (e tão repetida) frase ‘o Brasil não é um país sério’. Pois a Wikipédia, a enciclopédia livre da internet, agora afirma que quem falou isso na verdade não foi o irrascível presidente francês, mas sim o então embaixador brasileiro Carlos Alves de Souza. O verbete esclarecendo tudo parece ter sido escrito por alguém muito por dentro da história, provavelmente o próprio Luiz Edgar de Andrade, correspondente do 'Jornal do Brasil' em Paris na época, e citado como o jornalista que ouviu a frase do embaixador brasileiro. Esta é a grande vantagem da Wikipédia: todo mundo colabora, não é escrita apenas por uma meia dúzia de enciclopedistas iluminados (ou iluministas?). (Veja o verbete de citações do general francês). Pra quem não se lembra, Luiz Edgar de Andrade foi um grande repórter, e que durante muito tempo publicou uma coluna no 'Pasquim' chamada 'Um pau-de-arara ao redor do mundo', onde o jornalista nascido no Ceará contava suas aventuras como correspondente estrangeiro. Aliás, por onde andará o Luiz Edgar de Andrade? Cartas para a redação.

Bem, depois de passar uns dias em Paris cheguei à conclusão de que a França também não é um país sério. Vejam só: em menos de uma semana peguei três grandes festas. Primeiro, a festa da música, que acontece todo ano, no dia 21 de junho: é um dia inteiro em que Paris é tomada por conjuntos, bandas e grupos tocando os mais diversos gêneros, do jazz ao rock, passando pelo clássico e pelo reggae, em um evento promovido pela prefeitura, e que tem a adesão entusiástica da população. Você dobra uma esquina, tem uma banda tocando Pink Floyd ou Deep Purple; vira a esquerda e tem uns malucos de pijama tocando jazz; ali na frente tem uma galera de trancinha no cabelo tocando reggae e fumando uns cigarros estranhos.

O curioso é que, apesar de todo nacionalismo francês, predomina a música americana: muito rock, pop e jazz. Vale lembrar que os franceses são fanáticos por jazz e gente como Miles Davis, Chet Baker e Dexter Gordon fizeram parte de suas carreiras na França. Há pelos menos duas ótimas rádios de jazz em Paris transmitindo em FM: a FIP (105,5 MHz) e a TSF (89,9 MHz). "Tout le jazz, tout les emotions", é o sugestivo bordão da TSF.

Depois peguei a Parada gay de Paris (leia abaixo).

E finalmente, a festa da vitória da seleção francesa. Era mais ou menos 11 da noite quando o jogo acabou. Até então Paris parecia São Paulo ou Rio em dia de jogo da seleção: pouquíssima gente na rua. A maioria vendo os jogos nos telões instalados em tudo quanto é café. Inclusive este que vos fala, que acompanhava tudo em um delicioso bistrô, perto da Bastilha. Há muitos restaurantes e bares na região, inclusive o Area, muito frequentado por brasileiros.

Quando o jogo acabou, a multidão enlouqueceu, e como acontece nestas ocasiões, tomaram a Bastilha. Alguns chegaram a invadir o famoso monumento, pulando a grade. A polícia chegou em minutos e quando parecia que ia dar confusão, foram embora: acho que perceberam que não ia adiantar; milhares de pessoas já tinham tomado o monumento e o largo, uma das vias mais importantes da cidade, virtualmente parando o trânsito, para desespero dos motoristas desavisados.

O mais divertido é que nessas ocasiões históricas sempre tem um casal se beijando romanticamente, como nos filmes. A multidão grita ‘Zizu, Zizu’, o apelido carinhoso de Zidane, o grande herói da partida. No metrô, dois franceses fazem o que parece ter se tornado a brincadeira favorita do momento: um imita uma tourada e o outro um galo, o símbolo da seleção francesa, zombando dos espanhóis. Aplausos da platéia improvisada na plataforma do outro lado dos trilhos. Senegaleses entusiasmados, com a camiseta azul e branca, entram no vagão do metrô gritando ‘vive la France’, ‘vive Senegal’, para felicidade geral da galera. Muita gente cantando ‘A marselhesa’. Enfim, Paris foi tomada por um carnaval, o terceiro em menos de uma semana.

Mas a França é parecida com o Brasil também por outro motivo: o ridículo dos seus políticos. O presidente Jacques Chirac apareceu na TV na terça-feira para apoiar mais uma vez o desmoralizado primeiro-ministro Dominique de Villepin. Foi ridicularizado por toda a imprensa, do Le Monde, ao Le Figaro, passando pelo Libération. Para muitos, já está mais do que na hora de Chirac pendurar as chuteiras. Aos 73 anos, em seu segundo mandato, Chirac vive um clima de ‘fin de règne’, e vem colecionando derrota sobre derrota: em maio de 2005 perdeu o plebiscito sobre a constituição européia, e teve de demitir o premiê Jean-Pierre Raffarin. Depois perdeu os jogos olímpicos de 2012 para Londres, enfrentou um levante nos subúrbios pobres a leste e ao sul de Paris, e a humilhante derrota da lei do emprego. Finalmente, veio o escândalo Airbus, cujo presidente da empresa vendeu ações na véspera de anunciar o atraso na produção do novo super-jumbo A380, o que fez as ações da companhia desabar.

Enfim, a França não é um país sério. E pensando bem, tem muita coisa em comum com o Brasil.

11 junho 2006

Vendo a copa em Salem, Massachusetts

Nosso repórter conseguiu assistir ao segundo tempo de Irã e México no bar do hotel. Mas não foi fácil

SALEM, MASSACHUSETTS, 11 de junho de 2006. Antes que alguém pense que vim pra cá com objetivos puramente consumistas, gostaria de esclarecer que o propósito da minha viagem é antes de tudo cultural: saber como é assistir a copa do mundo de um lugar bem diferente. Como, digamos, Salem, Massachusetts.

Enquanto em Nova York há bastante gente interessada nos jogos, em Salem, no coração da Nova Inglaterra, não é bem assim. Nova York é tão diversa do ponto de vista cultural e étnico que sempre tem algum café peruano, italiano ou thai onde a TV está mostrando jogo. Já aqui em Salem a TV do bar do hotel só fica no basebol. Hoje no almoço peguei Irã e México pela metade e quis saber como andava a coisa. “Tá bom o jogo?”, perguntei ao gerente. “Não vejo isso”, foi a sua displicente resposta, como se tratasse não de uma copa do mundo, mas de uma final do campeonato goiano. Ainda por cima, a TV estava sem som. Percebi que o momento era grave. Tinha que agir rápido. Protestei.

Felizmente o destino veio em minha ajuda. Um garçom mexicano apoiou e aumentamos o volume. Foi bem no momento em que o México virou o jogo, fazendo dois gols. Mas foi só acabar os 90 minutos e a TV voltou para o basebol. Reclamei de novo: será que não teríamos direito sequer aos melhores momentos da partida? Reprise dos gols? Comentários da Soninha? Pano verde? Nada. Direto para o basebol, esporte que jamais entendi: parece que tem mais ensebação que jogo propriamente dito. Eles ficam ali, ensaiado, ensaiando, a bola rola mesmo no máximo uns 5 minutos. E o lance mais emocionante é... quando a bola sai. Aí todo mundo fica ‘nuts’.

Por falar nisso, o Financial Times da semana passada trouxe um guia sobre como os chefes devem lidar com os subordinados durante a copa. Vale lembrar que o venerável jornal é publicado na Inglaterra, país onde as pessoas são normais, isto é, loucas por futebol. Segundo o jornal não vai adiantar proibir levar TV para o escritório. Esta é a primeira copa que está sendo integralmente transmitida através de streaming video na internet. Portanto, a maioria dos funcionários vai estar com os olhos grudados no computador, fingindo que está trabalhando. O colunista Jonathan Guthrie cita Roger Mosey, o diretor da esportes da BBC, para quem vai ser possível 'trabalhar e assistir ao mesmo tempo os passes da seleção alemã'. O colunista ironiza: 'Mr Mosey pode se submeter a uma equipe de neurocirurgiões cujos monitores estejam transmitindo cada lance de Estados Unidos e Tchecoslováquia. Eu não'. Em tempo: o artigo foi publicado antes do jogo em que EUA foram surrados pelos tchecos. Comentário da versão americana do Galvão Bueno na CBS News: 'Os americanos jamais vão se recuperar desta derrota'. Depois eu conto mais, inclusive como o jogo foi visto no Quincy Market, em Boston. Ou melhor, como não foi visto.

08 junho 2006

Um negócio de 499 dólares

Nosso repórter envia de Nova York a primeira de uma série de reportagens

NOVA YORK, 8 de junho de 2006 - A razão da minha vinda à Nova York é que resolvi comprar uma câmera digital nova para o meu FotoBlog. Era tempo: minha velha e surrada Sony P50 (dois megapixels) já deu o que tinha que dar. Pesquisando preços na internet descobri que a Sony W7 está por 250 dólares aqui nos Estados Unidos. Enquanto no Brasil... bem, achei por até 2 mil reais. Pensei que valia mais a pena vir pra cá, visitar minha amiga Gláucia, comprar a tal da W7, e aproveitar para rever amigos e a cidade onde morei dois anos, entre 1989 e 1991.

Cheguei hoje de manhã e fui logo comprando as coisas básicas. Primeiro, um guarda-chuva, já que o tempo está horrível. Depois, um novo cartão SIM para o meu celular GSM virar um pré-pago local. Então descubro que a TIM (também conhecida como ti-enganei) simplesmente 'trava' os aparelhos habilitados no Brasil, impedindo assim de usá-lo em outros países localmente, que é a grande vantagem do sistema GSM. Com o celular travado da TIM você tem de usar o caríssimo roaming internacional se quiser falar com o vizinho da esquina. Mas Dona Sima, a indiana da Wireless Shop, na Segunda Avenida com a 90, disse que ia dar um jeito. Deixei o meu com ela, e peguei um T-Mobile emprestado (é uma das operadoras GSM dos Estados Unidos). “Vou ter que fazer algumas mudanças no software”, disse Dona Sima.

Fui então atrás da tal da W7. Tanto na Circuit City como na Best Buy, duas mega cadeias de eletrônicos, sou informado que a W7 agora está em 'backlog'; quer dizer, só por encomenda. O fato é que a Sony não está dando conta da demanda; é preciso encomendar e aguardar pelos menos dois dias.

Então fui a B&H, a sucessora da antiga 47th Photo, a melhor loja de equipamento fotográfico de Nova York, aquela famosa dos judeus ortodoxos. Nada da W7. Que fazer, como diria Lênin. Há tantas alternativas hoje em dia que é difícil escolher. Felizmente, nós, brasileiros, temos uma vantagem: como o limite da alfândega é 500 dólares, já é um parâmetro. Enquanto nossas autoridades se preocupam com o problema de controlar os brasileiros para que não gastem mais do que 500 dólares em eletrônicos no exterior, empresas como a Sony estão aproveitando a febre das câmeras digitais e não dão conta da demanda de um modelo que já tem alguns anos. E vão espalhando fábricas por dezenas de países do Sudeste Asiático. Minha antiga P50 foi fabricada na Tailândia.

Acontece que há agora uma nova categoria de câmeras, intermediárias entre os modelos amadores (como a W7) e as SLR, as Single Lens Reflex, os modelos digitais que substituiram as Nikons e Pentax 35 milímetros de antigamente. As SLR digitais estavam custando bem mais de mil dólares, mas recentemente o preço começou a cair. Mas ainda não chegou aos 500 dólares, que é o máximo de tecnologia que um brasileiro comum pode ter.

Já a nova categoria intermediária (que vem sendo chamada de superzoom) está justamente na faixa dos 500 dólares. Elas têm uma série de recursos profissionais, boas lentes, 7 megapixels de definição, e um preço razoável. Li uma ótima resenha na revista Photography sobre a recém-lançada Sony H5 e descubro que está por 499 dólares na Circuit City (estava esgotada na B&H). Amanhã, depois de pegar meu celular devidamente destravado, vou na Circuit City buscar minha H5.

E, claro, vou guardar a nota fiscal com todo o respeito, para provar para as autoridades alfandegárias que sou um brasileiro zeloso do bom cumprimento da lei.

06 junho 2006

Encontros e desencontros

Existe alguma coisa mais intrinsecamente moderna do que um aeroporto? Pense no seu aeroporto preferido. Uma infinidade de sistemas tecnológicos funcionam ao mesmo tempo, 24 horas por dia: balcão de check in, cartão de embarque, segurança, vigilância eletrônica, sistemas de indexação, bancos de dados etc.

Por isso, o aeroporto é um ícone de sociedade moderna e tecnológica. Quem diz é Thomas Misa, do MIT, em um livro muito bom chamado Tecnologia e modernidade. Misa, um pensador interessado no impacto da tecnologia na sociedade contemporânea, lembra ainda outros componentes importantes e característios da moderidade que reinam nestes lugares: placas em inglês, alto grau de consiência do tempo, padrões globais.

Conscientes de como o avião tornou-se um ícone da modernidade, os futuristas italianos, estes precursores do modernismo estético, falavam em "estes maravilhosos aviões que furam o céu".

O aeroporto também pode ser pensado como um processo de produção altamente moderno onde, de um lado, entram passageiros, comida, bebidas, combustivel. Do outro, saem lixo, restos do lavatório... E claro, poluição.

Estes reflexões me vêm agora, em pleno Aeroporto de Guarulhos, onde batuco estas mal traçadas linhas antes de embarcar para Nova York, de onde estarei atualizando este blog na próxima semana.

Outra coisa que se pode fazer nos aeroportos atualmente é consultar a internet, e até atualizar um blog. Dá um pouco mais de sentido àqueles momentos indefiníveis de espera de um vôo, quando nos sentimos sozinhos e desolados como Bill Murhay em Encontros e desencontros, o genial filme de Sofia Copola.

Como símbolo da modernidade, o aeroporto nos faz sentir como seres anônimos nessa profusão de padrões globais, impessoais, altamente racionais (e atualmete um pouco paranóicos) que imperam nesses lugares.

A única coisa que foge do padrão global, e dá um tom prosaico à cena, é um paraguaio aqui atrás de mim, que berrando no microfone do skype, está fazendo toda a confirmação de sua viagem, em alto e bom espanhol, pra todo mundo ouvir. Pelo jeito, ele vai dar a volta ao mundo. Se não fosse por nós, latino-americanos, a modernidade seria muito monótona.

02 junho 2006

Depois daquele beijo

Pode ser que eu tenha assistido demais Depois daquele beijo, o título besta que mereceu por aqui Blow-Up, o filme de Michelangelo Antonioni de 1966. Revi recentemente em DVD, e ainda ‘impressiona’, como diz o lugar comum usado e abusado pela mídia. (Fala sério: depois do valerioduto, mensalão, do caso Suzane von Richthofen e dos famigerados irmãos Cravinhos, ainda tem alguma coisa que impressiona? Não seria a hora de passarmos para, sei lá, expressiona)? Checando na internet, lembro que é baseado em um conto do Julio Cortázar. Segundo o site do IMDB, o conto Las babas del diablo. Mas de qual livro? Não achei em nenhum dos que tenho do venerável escritor argentino.

O filme é sobre um fotógrafo bem sucedido e meio sádico, chamado Thomas (interpretado pelo já falecido David Hemmings). Ele resolve fazer umas fotos em um parque de Londres quando por acaso acaba flagrando um casal se beijando (as famosas cenas foram rodadas no Maryon Park, e não em Hampstead Heat, como reza a lenda).

O fotógrafo, como todo personagem de Antonioni, é um outsider, um anarquista que usa a câmera como uma espécie de arma pra praticar, vamos dizer, uma inútil subversão do mundo lá fora. Maltrata as modelos (as então famosérrimas Twiggy e Veruschka), e usa a câmera como se fosse, bem, lá vai mais lugar comum, símbolo fálico.

Ao fotografar o casal se beijando, Thomas invade, digamos assim, a intimidade da moça (Vanessa Redgrave). Hoje daria processo por assédio. Na época, foi um escândalo, criticadíssimo pela esquerda, para quem tudo não passava de existencialismo pequeno burguês. Ficou sendo a obra mais famosa do diretor italiano, mesmo que depois tenha feito obras primas como Profissão repórter, de 1975, com Jack Nicholson e Maria Schneider.

Ao ampliar e ver os detalhes com uma lupa, Thomas descobre que houve um crime atrás do casal que ele estava fotografando. Ao revê-lo hoje é curioso notar como as Nikons e Hasselblads, muito modernas para os anos 60, ficaram obsoletas: tudo substituído por câmera digital, Photoshop, computador, FotoBlog.

Bom, não sei se me deixei influenciar (vi tantas vezes, a primeira, ainda adolescente, no Bijou; curioso notar também como era ruim a projeção; Blow-Up, pasmem, é colorido!), mas desde que comecei a andar com a câmera digital, não consigo mais passar na frente de um parque sem fotografar.

O último foi o Parque Modernista, na Vila Mariana: quando vi, já estava lá, fotografando. A casa modernista, esta sim, expressiona.

01 junho 2006

A casa sem cor de Gregori Warchavchik

A casa sem cor de Gregori Warchavchik, por exemplo, expressiona. Pelo abandono, pelas ruínas em que deixaram se transformar um marco da arquitetura. Desde sempre ouço falar na casa modernista do famoso arquiteto nascido em Odessa, na Ucrânia, em 1896, e que foi responsável por vários projetos importantes. Entre eles as sedes dos clubes Paulistano, Pinheiros, Hebraica e Tietê, em São Paulo, do Iate Clube em Santos, e muitos outros. E principalmente, a sua célebre casa modernista, onde morou com a mulher, Mina Klabin. Como paulistano típico, nunca tinha ido.

Finalmente, em uma tarde de maio, fui conhecer. Como o fotógrafo de Antonioni, sempre armado com a minha câmera.

Warchavchik morreu em 1972, e desde então a casa está ao deus dará. Só sobrou o fantástico jardim que cerca a residência, que foi parcialmente restaurado. A casa está detonada, fechada para reforma, cercada de tapume por tudo quanto é lado. Mal dá pra ver a piscina, através de uma janela aberta na madeira. Mais precário que o zoológico de Niterói.

Em qualquer país menos dado ao desperdício, estaria lotado de turistas comparecendo firmes na bilheteria. Aqui, claro, estava ameaçado de virar shopping, quando foi tombado em 2004 pelo governo do Estado de São Paulo. Virou o Parque Modernista.

O jardim em volta da casa 'impressiona' com sua atmosfera e áura misteriosa. Mas a casa em si continua aguardando uma boa alma empresarial para ser restaurada. Lugar ideal para um fotógrafo existencialista passear (e fazer fotos...) Mas pensa que tinha muita gente? Meio deserto, a não ser por uma galera jovem, que ensaiava com uma filmadora digital. (Entre eles, a garota loira que aparece nas fotos). Talvez algum candidato a Antonioni.

Entendo, o estado tem suas prioridades: saúde, educação, segurança. (Aliás, deu pra ver o quanto tem sido investido em segurança ultimamente...) Mas e a iniciativa privada? O Instituto Moreira Sales, por exemplo, transformou a antiga casa da família, no bairro da Gávea, no Rio, em centro cultural. Fica lotado. Por que alguma empresa não investe na casa modernista de Warchavchik através das leis de incentivo fiscal? É retorno garantido.

No Natal do ano passado vi uma empresa de cartão de crédito fazendo um marketing pra lá de ridículo: botaram umas modelos passeando por aí, com sacolas de compra com o logo da empresa penduradas no ombro. Pareciam uns outdoors ambulantes. Por que não bancar a restauração da casa expressionista? Digo, modernista.

Veja as fotos do Parque Modernista.