24 janeiro 2010

Sobre o pobre B.B.

Sempre achei este poema de Brecht um pouco... amargo demais. Então resolvi dar uma, como dizer, reformada nele. Ficou assim:


Eu, B.B, venho da cidade grande.
Minha mãe me levou para Santos
Quando eu ainda estava na sua barriga.
E o cheiro do Chapéu de Sol
Me acompanhará por todas alamedas.

A selva de asfalto é minha casa. Decorada
Desde cedo com todos os sacramentos:
Jornais. A Folha. O Estado. Cigarro. E cerveja.
Barulhenta, sufocante, atrapalhada até o limite.

Sou amigável com as pessoas. Gosto da galera.
Dou um abraço em todo mundo. "E aí, como é que é, meu irrmão?"
Digo a mim mesmo: são outros animais, só que de um tipo peculiar.
E digo outra vez a mim mesmo: e daí? Por acaso também não sou?