Celulares descartados estão virando problema ambiental. E os blogs estão ganhando força na França, um país onde escritores como Balzac buscavam inspiração... comendo café... em pó!
Trocar de celular por um modelo mais novo, cheio de recursos, e blog, as grandes manias do momento. Ainda mais agora, que começam a entrar em cena os telefones portáteis de quarta geração.
A troca de celular é cada vez mais rápida, e já está se tornando um problema de meio-ambiente. Os americanos compram um modelo novo a cada 18 meses, os europeus a cada 15, e os japoneses a cada 9. Só os ingleses compram 15 milhões de aparelhos a cada ano. Segundo o Programa de Meio Ambiente da ONU, 50 milhões de celulares são descartados no mundo todo anualmente.
E sem contar que vem por aí uma nova geração: a quarta. Trata-se do celular com acesso a banda larga por preço fixo. Até agora, acessar a internet do aparelhinho era cobrado como luxo extra, e caro. Paga-se uma nota por cada byte.
Já a nova geração permite o acesso à rede por uma taxa fixa, mensal. Assim, fica possível usar serviços como o Skype ou Messenger. Já pensou fazer uma ligação internacional de celular por Skype, sem pagar a taxa exorbitante que as operadoras cobram? E ler e atualizar o seu blog de qualquer lugar, a qualquer momento? Sem falar na hilária aparição do Borat no programa David Letterman que alguém colocou no YouTube.
Liberté, egalité, fraternité ... et bloguer
Segundo a Technorati, o número de blogs no mundo todo passou de 1,6 a 26,6 milhões entre janeiro de 2004 e janeiro de 2006: um crescimento de nada menos do que 16 vezes em dois anos.
O curioso é que os blogs estão virando fenômeno justamente em um país não muito afeito à novidades: a França. Cerca de um terço de todos os blogs europeus são escritos no tradicional idioma de Flaubert, Balzac e Baudelaire.
Movido por café... em pó
Por falar em Balzac, ele era conhecido pela sua paixão pelo café. Conta-se que escrevia até quinze horas por dia, tomando dezenas de xícaras. Sem, é claro, deixar de frequentar a badalada vida social parisiense do início do século 19.
O que descobri agora lendo Mark Pendergrast, autor de uma história desta fascinante bebida, é que Balzac ia de pó de café puro, com pouca água, em jejum... Então sentava e escrevia.
O resultado, pelo menos literário, era espetacular: “Tudo se torna agitado. As idéias rapidamente entram em marcha como batalhões de um grande exército... A cavalaria das metáforas desfila com um magnífico galope... Formas e personagens se levantam...”
Desconhece-se o efeito do amargo pó preto sobre o estômago vazio do autor de As ilusões perdidas.
Confesso que também gosto de bebericar um café enquanto escrevo. Mas não à moda do autor francês, que destilou sua ironia - quase digo 'cafeína' - na monumental A comédia humana - um conjunto de 95 obras acabadas e 48 inacabadas... O meu, por favor, é com leite, e um pouco de espuma.
Uma dúvida assalta minha alma, para usar uma expressão da época: segundo meu amigo Dagomir Marquezi, blog vicia. Já pensou se Balzac tivesse um blog? E um celular de quarta geração? E uma daquelas latas de antigas de Nescau , cheia de... Nescafé? Do bom?
18 novembro 2006
11 novembro 2006
Falha na mensagem
Alguém já notou que as grandes tragédias acontecem por erros de comunicação? Eu estava em Miami, e uma ex-namorada no hotel mais chique da cidade. Foi aí que ocorreu um problema tecnológico. Grave...
No dia que alguém escrever a história das comunicações, dos tempos romanos à era da internet, terá de lembrar dos grandes erros que resultaram em tragédias . Um deles foi o Titanic. Descobriu-se recentemente que o serviço de meteorologia advertiu o célebre transatlântico, pelo telex, de que havia icebergs na sua rota. Acontece que o telex jamais chegou às mãos do capitão: ficou perdido em meio a uma montanha de telegramas enviados ao pessoal da primeira classe, com felicitações, votos de boa viagem, e outras bobagens. Em linguagem de hoje, uma mensagem de alta prioridade se perdeu no meio do spam.
E o desastre com a Challenger? O que aconteceu com a nave espacial americana, que explodiu em pleno vôo, menos de dois minutos após o lançamento, foi basicamente um erro de comunicação. Era um dia frio, e a Nasa sabia que abaixo de uma certa temperatura o lançamento era arriscado porque os anéis de borracha que vedam os foguetes ficam rígidos, e podem arrebentar como um elástico velho. Só que naquela manhã a temperatura estava bem no limite. A Nasa consultou o fabricante dos foguetes, que respondeu, através de fax, que não haveria maiores problemas. A prova: um gráfico, feito à mão, que mais tarde se revelou mal feito, e que não revelava a dimensão do problema. Resultado: sete mortos e bilhões de dólares de prejuízo.
Também enfrentei um problema de comunicação em minha última viagem aos Estados Unidos. Tenho uma ex-namorada americana (Pris, para omitir o nome verdadeiro, e fazer uma homenagem à célebre andróide de Blade Runner representada por Darryl Hannah), com quem me comunico muito por email. Temos um entendimento bom, e vivemos fazendo brincadeiras um com o outro. Coisas de ex-.
Coincidiu que ela ia estar em Miami bem quando eu tinha de voltar ao Brasil. Como meu vôo saia de Miami, e ela estaria hospedada no hotel mais novo, caro e metido da cidade, participando de um desses eventos de empresa, perguntei se poderia bancar o maridão. (Ela está solteira). Ganharia duas noites no badalado cinco estrelas de South Beach. “Claro”, respondeu ela por email. Peguei um avião no aeroporto de La Guardia, em Nova York, e como sempre, enquanto aguardava o vôo, entrei na internet e chequei os emails. “Estou chegando”, mandei um pra ela. Achei o endereço do hotel no Google e anotei na Palm.
Até pouco tempo, as redes sem fio nos aeroportos eram de graça. Agora, já estão cobrando até pela energia elétrica. Como eu não queria pagar cinco dólares só pra enfiar um plug na tomada, deixei o notebook na bateria. É um modelo barato, de 500 dólares, e seu único problema é que a bateria dura pouco. Fora isso, tem wi-fi e funciona bem. Fiquei atualizando o blog até acabar a bateria. E embarquei rumo a Miami.
Cheguei no hotel por volta da meia-noite e me dirigi ao concierge: “Minha mulher está hospedada para um evento da empresa..." Como era mesmo o nome da agência de publicidade onde ela trabalha em Dallas? Enfim, enrolei, tal e coisa, e coisa e tal. Afinal, será que poderiam checar o número do quarto dela e anunciar minha chegada? Como eu já estava em fim de viagem, tinha sobrado pouca roupa, na verdade apenas uma camiseta branca de manga comprida, dessas que parecem mais um pijama. Toda amassada. Mas parece que em Miami ninguém liga pra essas coisas. Olhei em volta. Sim, tinha gente mais mal vestida que eu.
O concierge, sempre muito educado, achou o quarto da Pris e ligou. Ninguém atendeu. Claro, ninguém fica no quarto, tendo toda a vida noturna de South Beach à disposição, inclusive o bar onde meu amigo Fernando toca música brasileira. Ela adora música brasileira. Deve ter levado o pessoal do trabalho pra ver o show do Fernandão, pensei, todo otimista.
Mas já era tarde, e eu ali com as malas. Tentei o celular. Várias vezes. Caixa postal. Vários torpedos. Nada. Fiquei andando de um lado para o outro, um tempão, tentando os vários números que tinha no meu celular. Como estava com um GSM novo, com chip local, tinha diversos números , depois de diversas trocas de cartão SIM, backups e sincronizações. Tentei todos, mas sempre caía em alguma caixa postal.
De repente vi alguém chegando. Parecia a Pris. Eu estava sem óculos, a gente não se via há anos, e nunca tinho visto ela vestida tipo “evento de negócios”. Achei que só podia ser ela. "Aí vem minha esposa”, disse feliz ao concierge. Não, não era. A mulher passou batido. O concierge me olhou como quem pensa: “Então o cara não conhece a própria esposa... Qual será o golpe?”
“Sabe, bem, na verdade é minha ex-mulher, e a gente não se vê faz anos...", enrolei com a maior cara de pau. "E mulher tem esse negócio: bem vestidas todas se parecem, não acha?”, brinquei. Não, ela parecia não ter achado a menor graça.
Foi então que lembrei que a Pris não usa mais celular. Usa Blackberry. Muita gente nos Estados Unidos já aposentou o celular em troca da nova mania. Àquela hora (uma da madrugada, eu morrendo de fome e sono), só conseguiria me comunicar com ela mandando um email para o Blackberry. “Será que tem tomada aqui no lobby pra recarregar meu notebook? Minha bateria morreu”, perguntei. Não, não havia tomada no lobby do hotel mais chique e caro de Miami. Tinha piano de cauda, esculturas de mármore, janelas de vidro que davam para a piscina ou para o mar, arranjos de plantas exóticas, tudo menos uma simples tomada... E pior, o concierge cada vez mais desconfiado. “Ah, a bateria morreu?”, podia ler seus pensamentos. “Você vai ver o que vai acontecer a você quando eu chamar a segurança...”
Mas o bacana da democracia americana é que todo mundo é tratado por igual, com o mesmo respeito, principalmente se você tem um cartão de crédito. O concierge disse que eu poderia acessar a internet no "business center", que é como eles chamam a sala onde ficam os computadores. Subi em busca da tomada perdida.
Nada de tomada no business center. Um monte de computador, nenhuma tomada disponível. Não ia arriscar mexer nos fios e dar um curto-circuito no badalado cinco estrelas de South Beach. Entrei na internet pelo sistema do hotel, tendo para isso, obviamente, que usar o cartão de crédito. Lá estava a resposta da Pris à mensagem que eu mandara do La Guardia: “Você tá falando sério? Pensei que estivesse brincando”. Não, ela não contava comigo. E não era o lugar e o momento de "discutir a relação".
Foi então que caiu a ficha: ocorrera uma grave falha de comunicação, um erro tecnológico, um desastre comparável ao Titanic ou à Challenger. Precisava de um plano B.
Desci, e para minha sorte, havia acabado de acontecer a troca de turno: já era outro concierge. Perguntei o preço do quarto mais simples. Uma noite era o preço de um monitor de cristal líquido, 19 polegadas, com entrada DVI e tudo.
Fiz uma longa pausa. “Sabe, tem um problema”, disse com cara de contrariado. “Vocês não tem tomada no lobby, e fui lá em cima inspecionar, nem no business center. Uso programas muito complexos, que usam muita memória e energia. Preciso recarregar a bateria frequentemente”. O concierge parecia desolado. “Mas temos acesso banda larga nos quartos", disse ele, quase pedindo desculpas. "Mas eu não quero ficar trabalhando no quarto. Só trabalho ouvindo música. Quero trabalhar no lobby, ao lado do piano", menti. Afinal, até então, o pianista, pra lá de careta, só tinha tocado versões chorosas de La vie en rose, Besame mucho, e Tema de Lara.
"Como vai ser quando acabar minha bateria? Vou ter de subir ao quarto? Costumo trabalhar horas a fio. Um hotel desta categoria deveria pensar nestes detalhes", disse como quem não tivesse aprovado as instalações. O concierge garantiu que iria encaminhar a reclamação à gerência assim que amanhecesse.
Com cara de decepcionado com mais esta mancada dos nossos irmãos do norte, chamei ele meio de lado, e bem à brasileira, perguntei: “Vem cá, onde é que fica o Ibis mais próximo?”
No dia seguinte almocei com a Pris. E comprei o monitor LCD de 19 polegadas. É ótimo. Tem bem mais definição que o meu antigo Sony.
No dia que alguém escrever a história das comunicações, dos tempos romanos à era da internet, terá de lembrar dos grandes erros que resultaram em tragédias . Um deles foi o Titanic. Descobriu-se recentemente que o serviço de meteorologia advertiu o célebre transatlântico, pelo telex, de que havia icebergs na sua rota. Acontece que o telex jamais chegou às mãos do capitão: ficou perdido em meio a uma montanha de telegramas enviados ao pessoal da primeira classe, com felicitações, votos de boa viagem, e outras bobagens. Em linguagem de hoje, uma mensagem de alta prioridade se perdeu no meio do spam.
E o desastre com a Challenger? O que aconteceu com a nave espacial americana, que explodiu em pleno vôo, menos de dois minutos após o lançamento, foi basicamente um erro de comunicação. Era um dia frio, e a Nasa sabia que abaixo de uma certa temperatura o lançamento era arriscado porque os anéis de borracha que vedam os foguetes ficam rígidos, e podem arrebentar como um elástico velho. Só que naquela manhã a temperatura estava bem no limite. A Nasa consultou o fabricante dos foguetes, que respondeu, através de fax, que não haveria maiores problemas. A prova: um gráfico, feito à mão, que mais tarde se revelou mal feito, e que não revelava a dimensão do problema. Resultado: sete mortos e bilhões de dólares de prejuízo.
Também enfrentei um problema de comunicação em minha última viagem aos Estados Unidos. Tenho uma ex-namorada americana (Pris, para omitir o nome verdadeiro, e fazer uma homenagem à célebre andróide de Blade Runner representada por Darryl Hannah), com quem me comunico muito por email. Temos um entendimento bom, e vivemos fazendo brincadeiras um com o outro. Coisas de ex-.
Coincidiu que ela ia estar em Miami bem quando eu tinha de voltar ao Brasil. Como meu vôo saia de Miami, e ela estaria hospedada no hotel mais novo, caro e metido da cidade, participando de um desses eventos de empresa, perguntei se poderia bancar o maridão. (Ela está solteira). Ganharia duas noites no badalado cinco estrelas de South Beach. “Claro”, respondeu ela por email. Peguei um avião no aeroporto de La Guardia, em Nova York, e como sempre, enquanto aguardava o vôo, entrei na internet e chequei os emails. “Estou chegando”, mandei um pra ela. Achei o endereço do hotel no Google e anotei na Palm.
Até pouco tempo, as redes sem fio nos aeroportos eram de graça. Agora, já estão cobrando até pela energia elétrica. Como eu não queria pagar cinco dólares só pra enfiar um plug na tomada, deixei o notebook na bateria. É um modelo barato, de 500 dólares, e seu único problema é que a bateria dura pouco. Fora isso, tem wi-fi e funciona bem. Fiquei atualizando o blog até acabar a bateria. E embarquei rumo a Miami.
Cheguei no hotel por volta da meia-noite e me dirigi ao concierge: “Minha mulher está hospedada para um evento da empresa..." Como era mesmo o nome da agência de publicidade onde ela trabalha em Dallas? Enfim, enrolei, tal e coisa, e coisa e tal. Afinal, será que poderiam checar o número do quarto dela e anunciar minha chegada? Como eu já estava em fim de viagem, tinha sobrado pouca roupa, na verdade apenas uma camiseta branca de manga comprida, dessas que parecem mais um pijama. Toda amassada. Mas parece que em Miami ninguém liga pra essas coisas. Olhei em volta. Sim, tinha gente mais mal vestida que eu.
O concierge, sempre muito educado, achou o quarto da Pris e ligou. Ninguém atendeu. Claro, ninguém fica no quarto, tendo toda a vida noturna de South Beach à disposição, inclusive o bar onde meu amigo Fernando toca música brasileira. Ela adora música brasileira. Deve ter levado o pessoal do trabalho pra ver o show do Fernandão, pensei, todo otimista.
Mas já era tarde, e eu ali com as malas. Tentei o celular. Várias vezes. Caixa postal. Vários torpedos. Nada. Fiquei andando de um lado para o outro, um tempão, tentando os vários números que tinha no meu celular. Como estava com um GSM novo, com chip local, tinha diversos números , depois de diversas trocas de cartão SIM, backups e sincronizações. Tentei todos, mas sempre caía em alguma caixa postal.
De repente vi alguém chegando. Parecia a Pris. Eu estava sem óculos, a gente não se via há anos, e nunca tinho visto ela vestida tipo “evento de negócios”. Achei que só podia ser ela. "Aí vem minha esposa”, disse feliz ao concierge. Não, não era. A mulher passou batido. O concierge me olhou como quem pensa: “Então o cara não conhece a própria esposa... Qual será o golpe?”
“Sabe, bem, na verdade é minha ex-mulher, e a gente não se vê faz anos...", enrolei com a maior cara de pau. "E mulher tem esse negócio: bem vestidas todas se parecem, não acha?”, brinquei. Não, ela parecia não ter achado a menor graça.
Foi então que lembrei que a Pris não usa mais celular. Usa Blackberry. Muita gente nos Estados Unidos já aposentou o celular em troca da nova mania. Àquela hora (uma da madrugada, eu morrendo de fome e sono), só conseguiria me comunicar com ela mandando um email para o Blackberry. “Será que tem tomada aqui no lobby pra recarregar meu notebook? Minha bateria morreu”, perguntei. Não, não havia tomada no lobby do hotel mais chique e caro de Miami. Tinha piano de cauda, esculturas de mármore, janelas de vidro que davam para a piscina ou para o mar, arranjos de plantas exóticas, tudo menos uma simples tomada... E pior, o concierge cada vez mais desconfiado. “Ah, a bateria morreu?”, podia ler seus pensamentos. “Você vai ver o que vai acontecer a você quando eu chamar a segurança...”
Mas o bacana da democracia americana é que todo mundo é tratado por igual, com o mesmo respeito, principalmente se você tem um cartão de crédito. O concierge disse que eu poderia acessar a internet no "business center", que é como eles chamam a sala onde ficam os computadores. Subi em busca da tomada perdida.
Nada de tomada no business center. Um monte de computador, nenhuma tomada disponível. Não ia arriscar mexer nos fios e dar um curto-circuito no badalado cinco estrelas de South Beach. Entrei na internet pelo sistema do hotel, tendo para isso, obviamente, que usar o cartão de crédito. Lá estava a resposta da Pris à mensagem que eu mandara do La Guardia: “Você tá falando sério? Pensei que estivesse brincando”. Não, ela não contava comigo. E não era o lugar e o momento de "discutir a relação".
Foi então que caiu a ficha: ocorrera uma grave falha de comunicação, um erro tecnológico, um desastre comparável ao Titanic ou à Challenger. Precisava de um plano B.
Desci, e para minha sorte, havia acabado de acontecer a troca de turno: já era outro concierge. Perguntei o preço do quarto mais simples. Uma noite era o preço de um monitor de cristal líquido, 19 polegadas, com entrada DVI e tudo.
Fiz uma longa pausa. “Sabe, tem um problema”, disse com cara de contrariado. “Vocês não tem tomada no lobby, e fui lá em cima inspecionar, nem no business center. Uso programas muito complexos, que usam muita memória e energia. Preciso recarregar a bateria frequentemente”. O concierge parecia desolado. “Mas temos acesso banda larga nos quartos", disse ele, quase pedindo desculpas. "Mas eu não quero ficar trabalhando no quarto. Só trabalho ouvindo música. Quero trabalhar no lobby, ao lado do piano", menti. Afinal, até então, o pianista, pra lá de careta, só tinha tocado versões chorosas de La vie en rose, Besame mucho, e Tema de Lara.
"Como vai ser quando acabar minha bateria? Vou ter de subir ao quarto? Costumo trabalhar horas a fio. Um hotel desta categoria deveria pensar nestes detalhes", disse como quem não tivesse aprovado as instalações. O concierge garantiu que iria encaminhar a reclamação à gerência assim que amanhecesse.
Com cara de decepcionado com mais esta mancada dos nossos irmãos do norte, chamei ele meio de lado, e bem à brasileira, perguntei: “Vem cá, onde é que fica o Ibis mais próximo?”
No dia seguinte almocei com a Pris. E comprei o monitor LCD de 19 polegadas. É ótimo. Tem bem mais definição que o meu antigo Sony.
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